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Engenharia de Software Moderna

Marco Tulio Valente

Perguntas Frequentes sobre Arquitetura de Software

Neste artigo, respondemos perguntas sobre temas relacionados com arquitetura de software e que não são abordados no Capítulo 7 do livro.

Segue a lista atual de perguntas:

  1. O que é uma camada de domínio?
  2. O que é um sistema multi-tenant?
  3. O que é um servidor stateless?
  4. O que é o Teorema CAP?
  5. O que é o padrão Strangler Fig?
  6. O que é um orquestrador?
  7. O que é escalabilidade vertical e horizontal?

1. O que é uma camada de domínio?

Esse termo, na prática, é usado para referenciar a camada de um sistema que trata da sua lógica de negócio. Por exemplo, se um sistema seguir uma arquitetura com três camadas, o domínio corresponde à camada do meio. Isto é, a camada que fica entre a camada de interface com o usuário e a camada de persistência.

Muitas vezes, usa-se também o termo modelo de domínio (domain model), principalmente quando queremos focar no projeto da camada de domínio, por exemplo, quando queremos ressaltar quais são as suas principais classes e interfaces.

Se quiser saber mais sobre o camadas e modelos de domínio, você pode consultar nosso artigo sobre Domain-Driven Design (DDD).

2. O que é um sistema multi-tenant?

Um sistema multi-tenant (multi-inquilino) é aquele que pode atender simultaneamente a diversos clientes. Por exemplo, suponha que você desenvolve um sistema para controle acadêmico de escolas. Então, naturalmente, você quer atender a diversas escolas, as quais vão pagar uma assinatura mensal para uso do seu sistema. Porém, você gostaria também de desenvolver, manter e colocar em produção uma única instância do sistema, a qual será acessada por todas as escolas. Quando isso ocorre, dizemos que o sistema possui uma arquitetura multi-tenant.

Por outro lado, se você tiver que manter instâncias de execução diferentes para cada cliente, o seu sistema é single-tenant.

Por que o conceito de multi-tenant é importante? Em muitos casos, é fácil perceber que um sistema, desde o primeiro dia, deverá ser multi-tenant. No entanto, em outros casos, isso não é tão claro. Por isso, quando for planejar a arquitetura de um sistema, sempre vale a pena avaliar a adoção de uma solução multi-tenant, mesmo que ela não seja necessária nos seus primeiros anos de vida.

Arquiteturas multi-tenant são apenas úteis em sistemas SaaS (Software as a Service)? Não necessariamente. Um exemplo é o Stack Overflow, que além do site principal, possui outros sites de perguntas e respostas, por exemplo sobre Matemática, Estatística, Teoria da Computação, Engenharia de Software, etc. No entanto, as perguntas e respostas de todos eles são tratadas pela mesma instância do sistema.

3. O que é um servidor stateless?

Antes de responder, é importante explicar que esse conceito se aplica a aplicações distribuídas construídas de acordo com uma arquitetura cliente/servidor. Mais especificamente, aos servidores de tais aplicações.

Dizemos que um servidor é stateless quando ele não armazena qualquer informação sobre o estado de seus clientes. Consequentemente, as requisições dos clientes devem incluir todas as informações necessárias para o seu devido processamento pelo servidor.

Recomenda-se, por exemplo, que aplicações Web sejam stateless. Os motivos são pelo menos os seguintes: escalabilidade e confiabilidade, as quais são propriedades mais fáceis de serem conseguidas quando os servidores são stateless. A confiabilidade dos servidores melhora pelo simples fato de eles não terem que restaurar qualquer informação sobre os clientes após uma possível falha ou queda. A escalabilidade aumenta pelo fato de eles não precisarem armazenar nada sobre seus clientes. Por exemplo, após atender a uma requisição pode-se liberar todos os recursos que foram alocados durante o seu processamento.

4. O que é o Teorema CAP?

Esse teorema, conforme proposto por Eric Brewer, trata de cenários envolvendo bancos de dados distribuídos, como é comum, por exemplo, em arquiteturas baseadas em microsserviços.

Nesses cenários, sempre vai haver partições (P) entre os bancos de dados (BD). Por exemplo, suponha dois BDs, A e B, localizados em seus seus respectivos microsserviços. Logo, um problema de rede, pode fazer com que A não consiga se comunicar com B ou vice-versa.

Assumindo que partições vão ocorrer, o teorema CAP, de forma simplificada, diz que arquitetos de sistemas distribuídos têm que fazer uma escolha:

  • Priorizar disponibilidade (availabliliy ou A), abrindo mão de consistência (C), pelo menos em certos casos. Explicando melhor, suponha que a versão mais nova de um dado está em A, mas uma partição na rede impede que ela seja propagada para B. Como o primeiro objetivo é disponibilidade, o sistema vai entregar para os clientes de B a versão desatualizada do dado.

  • Priorizar consistência (C) e abrir mão, quando for inevitável, de disponibilidade (A). O motivo é que para garantir consistência temos que adotar um protocolo (ou algoritmo) para propagar dados de A para B e vice-versa. Isto é, esse protocolo vai manter os dois BDs sincronizados. Mas, para isso, ele tem que travar um BD quando o outro não estiver disponível. Consequentemente, o BD travado não vai responder requisições de seus clientes para não entregar dados desatualizados ou inconsistentes.

Em resumo, o Teorema CAP afirma que, em um sistema com BDs distribuídos, vamos sempre ter partições de comunicação (P). Por isso, ao definir uma arquitetura distribuída, temos que fazer uma escolha: priorizar consistência (C) ou disponibilidade (A). Portanto, sistemas com dados distribuídos são AP ou CP, mas nunca CAP.

Sempre que possível, devemos optar por sistemas AP, pois eles são mais fáceis de implementar e são também mais escaláveis. Por outro lado, em alguns cenários não podemos prescindir de consistência, como pode ser o caso de sistemas bancários e financeiros.

5. O que é o padrão Strangler Fig?

Strangler Fig é um padrão para migração de sistemas legados para uma nova tecnologia ou arquitetura. Especificamente, quando precisamos aposentar um sistema X, podemos fazer isso de duas maneiras:

  • De uma só vez, isto é, podemos implementar um sistema substituto Y e então, em uma data definida, desligar X e ativar Y. Evidentemente, os riscos dessa virada única de chave costumam ser altos.

  • De forma gradativa. Por exemplo, suponha que o sistema X implementa funcionalidades X1, X2,…, Xn. Então, iremos implementar gradativamente funcionalidades equivalentes Y1, Y2,…, Yn, as quais serão ativadas de forma também gradual. Por exemplo, em um determinado momento, o sistema poderá ter a seguinte configuração:

    [Y1, Y2, Y3] [X4, X5, .., Xn].

    Ou seja, nesse momento da migração, Y1, Y2 e Y3 já são funcionalidades desenvolvidas na nova tecnologia ou arquitetura e X4 a Xn ainda estão na versão legada.

O padrão de migração gradual, que comentamos acima, é chamado de Strangler Fig, pois a nova tecnologia ou arquitetura vai gradativamente estrangulando o sistema legado. O nome, proposto por Martin Fowler, é inspirado em um tipo específico de figueira, isto é, a árvore que produz a fruta figo. Dentre as várias espécies de figueira, existe uma que cresce em volta de uma árvore hospedeira e que vai gradativamente estrangulando-a. Você pode ver algumas fotos desse tipo de figueira na Wikipédia.

Strangler Fig pode ser útil, por exemplo, quando planejamos migrar um monolito para uma arquitetura baseada em microsserviços. O padrão, também nesse caso, advoga que a migração deve ser gradual, isto é, um microsserviço de cada vez.

6. O que é um orquestrador?

Frequentemente, uma operação de negócio deve ser executada em múltiplos serviços ou microsserviços. Nesse contexto, chama-se de orquestrador o módulo que dispara essa execução e monitora os seus resultados.

Por exemplo, suponha que para cadastrar um aluno em uma faculdade temos que cadastrá-lo em dois sistemas: acadêmico e financeiro. O programa responsável por disparar esses dois cadastros, monitorar se eles foram concluídos com sucesso e tratar eventuais erros é chamado então de orquestrador da operação de cadastro de alunos.

7. O que é escalabilidade vertical e horizontal?

Suponha que você desenvolve um sistema que está fazendo sucesso e atraindo cada vez mais usuários. Uma solução para melhorar o desempenho desse sistema consiste em migrar sua execução para uma máquina mais poderosa. Isso se chama de escalabilidade vertical.

Porém, pode ser que você já esteja rodando o sistema em uma máquina muito poderosa e que não seja mais possível ou economicamente viável aumentar o poder de processamento dessa máquina. Então, uma segunda solução consiste em dividir a execução do sistema em duas ou mais máquinas. E isso se chama de escalabilidade horizontal.

Se o sistema for um monolito, em um contexto de escalabilidade horizontal, você deve ter a mesma instância do sistema rodando nas diversas máquinas. Por outro lado, se o sistema tiver sido desenvolvido usando microsserviços, você pode dividir os microsserviços pelas máquinas disponíveis. Ou seja, em uma determinada máquina você não executa todos os microsserviços, mas apenas alguns deles.


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